Nos primeiros séculos de colonização, as terras ainda desconhecidas do Brasil encarnavam um espaço que escapava ao mundo mapeado até então pelos cristãos. A estranheza de sua natureza e dos selvagens que as habitavam gerou interpretações que oscilavam entre exaltação e condenação.
Ao longo da história do Brasil, os animais partilharam com os homens, as plantas e o clima as representações dos trópicos e das Américas. Desfiando-se algumas tramas do tempo, vê-se que o novo continente logo recebeu animais que mudaram sua face e possibilitaram a colonização: bois, cavalos, jumentos e galinhas rapidamente criaram raízes.
Paralelamente, muitos animais foram transplantados do Novo para o Velho Mundo, onde integraram coleções e gabinetes de curiosidades, como o tucano, a preguiça e os papagaios,
e causaram espanto, como a onça pintada.
O livro Representações da fauna no Brasil, séculos XVI a XX visa estudar esse trânsito e demonstrar a relação estreita que marca as representações da fauna nacional e a própria constituição da identidade da América portuguesa e do Brasil.