O engenheiro e urbanista espanhol Manuel Herce, autor e personagem deste surpreendente romance histórico, veio residir no Rio de Janeiro em 2012, após aposentar-se de uma vitoriosa carreira em Barcelona. Um dia, sentiu-se desafiado a encarar, com muito prazer, um dos mitos mais fortes da história urbana da cidade: a origem espanhola – e não portuguesa – do traçado e da ordenação urbana dos primórdios do Rio, na segunda metade do século Xvi. Para que essa crença compartilhada por historiadores fosse mantida, sempre se falou num suposto mapa traçado pelo engenheiro italiano Battista Antonelli – servidor da Coroa espanhola –, que teria definido os alinhamentos do Centro Antigo e da Rua Direita, numa espécie de teia urbana original. Herce transforma-se então num detetive cuja missão é encontrar e resgatar esse mapa. Nasce daí uma narrativa paraficcional que vasculha a vida de Antonelli e, ao mesmo tempo, acompanha o autor em arquivos e bibliotecas na Espanha, em Portugal e na Itália atrás do mapa que tornaria real uma lenda urbana histórica. Como nos romances policiais sempre recheados de idas, vindas, desvios e reviravoltas, o caminho percorrido pela narrativa é mais importante do que o desfecho. Afinal, como saberão os leitores, Antonelli termina consagrado pelos fortes que construiu no Caribe e em outras regiões da América espanhola nos finais do século Xvi, que naquele momento incluía o Brasil. Mas, para nós cariocas e brasileiros, o mapa… Manuel Herce nasceu em Madri, no ano de 1947, onde se formou em Engenharia. Fez o doutorado em Barcelona, onde atuou como professor e diretor do Departamento de Transporte e Território da Universidade Politécnica da Catalunha. Foi diretor de urbanismo da área metropolitana de Barcelona e da Cidade Olímpica. No Rio de Janeiro colabora com instituições que dirigem a gestão urbana da cidade. Publicou uma dúzia de livros profissionais e este é o seu primeiro romance.