O livro Imagens Urbanas e Resistências: Das Capitais de Cultura às Cidades Criativas é uma adaptação da tese de doutorado de Claudia Seldin, vencedora do Prêmio Capes de Tese 2016 na categoria “Arquitetura e Urbanismo”. É escrito a partir do princípio de que para se compreender a cidade é necessário considerar sua esfera cultural, algo essencial na época contemporânea, em que a cultura vem sendo utilizada como uma ferramenta para nortear o planejamento urbano.
A autora coloca que, entre o final da década de 1970 e início da de 2000, diversas foram as revitalizações urbanas pontuais visando a implantação de equipamentos culturais e de lazer capazes de transformar a imagem de cidades diversas, reavivando economias falidas e gerando modelos emblemáticos de “planejamento cultural estratégico” no mundo inteiro: Paris, Barcelona, Bilbao, Berlim… Tratava-se da busca pelo paradigma da ‘capital de cultura’.
Seldin argumenta então que, a partir dos anos 2000, com o fortalecimento de uma economia movida pelo conhecimento e pela provisão de serviços e de bens culturais, começamos a assistir a uma transformação nos discursos que embasam as políticas públicas e que, agora, passam a perseguir o status da “cidade criativa” – um conceito calcado na importância de cidades tolerantes, diversificadas e voltadas para a atração de profissionais produtores de capital cognitivo. A pesquisa realizada mostra que este novo paradigma reforça muitos dos problemas e desigualdades gerados pelo anterior, atuando muitas vezes contra os interesses da “classe criativa” que se alega privilegiar, gerando movimentos sociais com um forte caráter de resistência e que comprovam a existência da atual luta pelo direito à cidade – uma cidade que, independente do rótulo, seja mais justa e menos desigual.