Muito mais que um guia da arquitetura carioca, Rio Revelado (Casa da Palavra) funciona como uma jornada pela Cidade Maravilhosa através de seus ângulos mais inusitados. Resultado das inúmeras viagens do fotógrafo e arquiteto paulista Cristiano Mascaro ao Rio de Janeiro, o livro é o registro de cenários urbanos muitas vezes ofuscados por uma paisagem natural avassaladora. Com concepção gráfica de Victor Burton e textos de Pedro Afonso Vasquez, a obra é uma realização da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.
Rio Revelado combina fotos de prédios muito conhecidos (como o Palácio Laranjeiras, o Paço Imperial e os Arcos da Lapa) às de construções menos desbravadas (entre elas o casario do Largo do Boticário, no Cosme Velho, e a Casa Villiot, em uma movimentada rua de Copacabana). O olhar de Mascaro, que já se referiu a si mesmo como “fotógrafo pedestre”, pode ser comparado ao de um cronista, saindo às ruas sempre em busca de algo “sem importância” que possa registrar.
Celebrado e cultuado como o mais perfeito tradutor visual da alma paulistana, o autor divide, sem dramas de consciência, seu amor pela Paulicéia com a paixão assumida pela Cidade Maravilhosa, que frequenta e fotografa desde sempre. “Não há como não gostar, admirar e, até mesmo, invejar o Rio de Janeiro. O deslumbre já começa quando o avião se aproxima do Santos Dumont – e azar de quem escolheu mal a janela e ficou olhando para o lado errado”, afirma.
Cristiano Mascaro extrai o máximo daquilo que fotografa, tornando belo o banal e transmitindo a essência de cada prédio e as marcas de sua história – seja ela anódina ou heroica. Todas essas características estão presentes em Rio revelado, que leva o leitor a acreditar que certos prédios de uma cidade que acaba de completar 450 anos só passaram a existir depois de fotografados por Mascaro.
